Quando ainda bebê, sua família veio para São Paulo. Em São Caetano do Sul, seu pai trabalhou no Cine Vitória e depois foi metalúrgico. Antes de se casar, trabalhava como subgerente de uma agência bancária e após a separação, soube de uma vaga no IMES através de uma agência de emprego e ingressou como escriturária; após o concurso passou a ocupar o cargo de assistente de coordenação. Com a mudança de Instituto Municipal para Universidade, atuou secretariando em todas as gestões de cursos. Estudou Psicologia, mas não exerceu a profissão, porém atua como secretária da gestora do curso de psicologia da USCS e é responsável pela clínica de psicologia na parte burocrática. Seu filho estudou Rádio e TV na USCS. |
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Pergunta:
Neuza começa falando, por favor, o seu nome completo, data e local de nascimento.
Resposta:
Meu nome é Neuza Maria Montovanelli Cardane, eu nasci em Maringá, no Paraná, vim com três meses para cá, então sou considerada paulista mesmo, mais precisamente de São Caetano e nasci no dia 28 de junho de 1955.
Pergunta:
Conta para a gente um pouquinho da sua infância. Esse vir para São Paulo... O que você lembra da sua infância...
Resposta:
Ah, eu me lembro de que na época eu estava no primário, que eu morava aqui no centro de São Caetano, estudava na escola pública Bartolomeu Bueno da Silva, eu me lembro de que ia estudar a pé e que eu fazia parte de uma fanfarra tocando flauta.
Pergunta:
Da própria escola?
Resposta:
É da própria escola.
Pergunta:
Com quantos anos isso?
Resposta:
Eu acho que eu devia ter uns sete ou oito anos, por aí. Nove... Por aí.
Pergunta:
Por que os seus pais vieram de Maringá?
Resposta:
É aquela história, vieram tentar uma vida melhor aqui. Eles moravam... Meu avô tinha um sítio, né... Meu avô era espanhol mesmo, aí veio para o Brasil, tinha um sítio e eu não me lembro direito, mas eu acho que não deu certo esse sítio e acabaram vindo para cá. Toda a família está aqui agora.
Pergunta:
E aqui eles fizeram o que? Trabalharam no que? Seu pai, seu avô...
Resposta:
Olha, meu avô eu não me lembro, mas meu pai já foi até lanterninha de cinema, na época quando ele veio para cá, do Cine Vitória, que hoje não existe mais, né. E depois ele seguiu a vida como metalúrgico.
Pergunta:
GM?
Resposta:
Da Mercedes. E aí depois ele saiu da Mercedes e virou motorista de táxi. Foi taxista até quase o fim da vida dele.
Pergunta:
E sua mãe trabalhava?
Resposta:
Minha mãe costurava. Por toda a vida costurou. Ela costurava... Minha mãe faleceu com 78 anos e ela não costurava para fora, mas costurava. Pegava os retalhos e ficava lá fazendo camisa, saia, sabe? Ainda mexia na máquina.
Pergunta:
E a sua família é de quantos filhos?
Resposta:
Eu e um irmão, só.
Pergunta:
Ele é mais velho ou mais novo?
Resposta:
Mais novo. Solteiro e não casou. Eu casei e tive um filho. Meu filho tem 37 anos e agora eu tenho uma netinha de um ano e dez meses, que é muito linda. Meu filho estudou aqui também [na Universidade de São Caetano do Sul], fez Rádio e TV.
Pergunta:
Ah, será que foi meu aluno?
Resposta:
Provavelmente. Hoje ele é cinegrafista no Canal Rural e trabalhou na Cultura também.
Pergunta:
Você lembra o ano em que ele fez o curso?
Resposta:
Não lembro... Não lembro.
Pergunta:
Bom, mas se ele está com 37 anos, deve ter sido uma das primeiras turmas.
Resposta:
É eu não me lembro em que ano foi não, deve fazer uns 10 ou 12 anos que ele fez o curso, por aí.
Pergunta:
E ainda falando da sua infância, você tem lembranças da escola? Algo mais... Que você comentou da fanfarra... Como foi esse período?
Resposta:
Não... Não tenho nenhuma lembrança que tenha me marcado, né. Foi aquela infância normal, não tem nada que marcou.
Pergunta:
Onde ficava o Bartolomeu?
Resposta:
O Bartolomeu ficava no centro de São Caetano só que subindo a Rua Espírito Santo, para cima do hospital São Caetano. [5'] Estudei ali e depois fui estudar no bairro Olímpico, porque aí a gente... Meu pai conseguiu construir a casa dele no bairro Olímpico e quando eu tinha mais ou menos 11 anos, saímos daqui e fomos morar no bairro Olímpico.
Pergunta:
Daqui aonde? Onde foi a primeira moradia? Na Rua Espírito Santo?
Resposta:
Na Rua Monte Alegre. A gente morou na Rua Monte Alegre e depois fomos para o bairro Olímpico.
Pergunta:
E aí você estudou aonde?
Resposta:
No colégio Moura Branco.
Pergunta:
Escola do estado?
Resposta:
Escola do estado. [...] Aí em... Bom, os meus estudos de ensino fundamental e médio foram lá. Não, fundamental eu comecei aqui no Bartolomeu e depois fui para o colégio Moura Branco.
Pergunta:
E Neuza, o que você acha... O que você pode contar sobre as transformações de São Caetano em torno dessa sua vida toda? Você viu São Caetano a vida inteira né, todas as mudanças.
Resposta:
É. Não sei, eu acho que as melhores mudanças que eu vi aqui em São Caetano foram na época do prefeito Tortorello. Eu vi muitas escolas sendo reformadas, né... Então foi mais nessa época mesmo que eu sinto.
Pergunta:
E em 1968, quando a USCS foi fundada, você tinha unas 13 anos, mais ou menos?
Pergunta:
Você tem alguma lembrança de montarem uma escola de ensino superior aqui?
Resposta:
Não.
Pergunta:
Fundação das Artes, alguma coisa do tipo?
Resposta:
Não.
Pergunta:
Não se falava, não havia publicidade?
Resposta:
Não. Não tinha. Quer dizer, eu acho que fiquei sabendo do IMES, na época, quando eu fui contratada. Sabia que existia uma faculdade, mas só vim conhecer nessa época mesmo. [...] Inclusive nesta época era Instituto Municipal de Ensino Superior.
Pergunta:
Em que ano você entrou?
Resposta:
Eu entrei em 1986, faz 31 anos. [...] Posso contar um pouquinho do começo?
Pergunta:
Pode.
Resposta:
Quando eu entrei era Instituto Municipal, tinham três cursos, tinha um curso que estava fechando, que era o de ciências sociais, e tinha, acho que era, economia, comércio e administração só. Eu entrei aqui como escriturária através de uma agência de emprego, naquela época não havia concurso público, aí quando eu tinha quatro anos aqui dentro, saiu neste meio tempo uma nova constituição, que era obrigatório o concurso público, e eu tive que fazer um concurso público após quatro anos contratada e, graças a Deus, passei e continuei. Então eu entrei como escriturária, eu fui promovida várias vezes através de portaria em quatro anos, até chegar ao cargo de assistente de diretoria, que era o meu cargo na época, aí quando abriu o concurso, eles fizeram um plano de carreira e me mudaram para assistente de coordenação. Então passei como assistente de coordenação e depois tiveram algumas promoções internas de cargo e eu fui passando de assistente de coordenação um, dois e três. Então chegou ao três e eu não tenho para onde ir, então cheguei assim.
Pergunta:
Mas de setores você também passou por vários né?
Resposta:
Não muitos. Quando eu entrei, entrei para ficar na recepção da diretoria. Quando a USCS virou centro universitária, foram criadas as gestões de cursos. Quando entrou a gestão de cursos, eu tive que ir para a gestão de cursos, de administração, comércio, economia... E fiquei até virar universidade, virar escola de negócios, eu sempre atuei nas gestões. [10'] Eu passei por todas as gestões de todos os cursos. Todos os cursos começaram comigo. Então começou com a escola de negócios, depois entrou computação... Aí entrou toda a área da saúde... Não, antes disso acho que entrou comunicação social, depois entrou toda a área da saúde, direito, e eu passei por todas, secretariando as gestões dos cursos. Até chegar a um patamar em que não tinham condições, conforme ia abrindo cursos, eu ia soltando alguns. [risos] Abriu saúde e eu larguei comunicação social, fui para lá.
Pergunta:
Aí que veio a Andréia?
Resposta:
É isso. Depois da saúde entrou... Não, antes disso entrou direito, aí abriram esse campus e o direito veio para cá, e aí entrou uma secretária para direito. Depois saúde, saúde veio para cá e também outra secretária. Na escola de negócios foi onde eu fiquei mais. Só lá eu devo ter uns... Mais de 20 anos.
Pergunta:
Você fez a secretaria dos gestores?
Resposta:
Todos. Todos. Até quando... Porque quando a USCS virou Universidade, começou a crescer demais, né... E fiquei até 2015. No comecinho de 2016, a gestora de psicologia me convidou para vir para cá porque... Nesse meio tempo em que eu estou aqui na USCS, eu consegui fazer uma faculdade. Não dentro da USCS, mas fora. Então eu fiz o curso de psicologia, que naquela época não tinha aqui. Formei-me em 1995, mas não quis atuar porque a USCS me proporcionou... A minha parte financeira... Bem. Concursada, na época eu tinha e ainda tenho direito a quinquênios, então financeiramente, para mim, não valia a pena eu me arriscar, até porque eu já tinha filho naquela época... E continuei. Agora que eu vim para cá convidada pela professora Tânia, eu fui atrás e validei meu CRP porque eu vou ajudar como responsável técnica da clínica de psicologia aqui da USCS, e para isso precisa ter o CRP ativo. Então depois de quase vinte e tantos anos, eu estou voltando dentro da USCS e dentro da minha área que eu achei super legal e estou amando.
Pergunta:
Já que você está na clínica de psicologia, então você faz além do trabalho burocrático, para precisar...
Resposta:
É. Por enquanto, como o curso é novo, ainda não tenha nada registrado de quem é o responsável técnico porque não começou... Não começaram os atendimentos ao público, mas podem ter um, dois, três responsáveis técnicos sem problemas. Então eu estou atuando assim como secretária da Tânia e como responsável da clínica na parte burocrática. Então é isso.
Pergunta:
Até porque você conhece todos os tramites de funcionamento da USCS né?
Resposta:
Isso. É. Isso mesmo. [15']
Pergunta:
E aí voltando mais um pouquinho: como foi sua entrada no mercado de trabalho? Você já veio direto para cá ou teve alguma passagem anterior?
Resposta:
Na verdade, eu trabalhava em uma caderneta de poupança que hoje não existe mais. Eu era subgerente de uma agência, trabalhei lá por quatro anos, aí eu casei, engravidei e saí, tive que sair, e fiquei sete anos sem trabalhar. Daí quando eu me separei, tive que ir atrás de emprego, óbvio. E meu primeiro emprego foi esse aqui na USCS depois da separação.
Pergunta:
E aí, como é que é que você ficou sabendo que tinha esse emprego, que tinha essa vaga?
Resposta:
Agência de emprego. Eu não sabia, eles que me encaminharam pela agência de emprego.
Pergunta:
E qual foi a sua primeira impressão ao chegar aqui? Suas lembranças disso...
Respostas:
A minha primeira impressão... De primeiro momento eu gostei, falei ‘vou começar por baixo, vou voltar... ' Porque para quem era subgerente de uma agência, entrar como recepcionista... Mas falei ‘não, a gente tem que ______ de novo. ' E foi isso que eu fiz sempre perseverando e fui subindo. [...] Caso eu não tive gostado, 31 anos... Então é isso.
Pergunta:
E assim, tem pessoas com quem você trabalhou que você gostaria de comentar? Alguma lembrança com os amigos...
Resposta:
Olha, aqui dentro... A gente... Em um ambiente de trabalho você não tem amizades, é difícil, você tem colegas, uns que você se da bem e outros não, mas tem só uma pessoa que, na verdade, quando eu entrei, ela era telefonista e trabalhou um ano... Depois que eu entrei aqui, ela trabalhou um ano e saiu para trabalhar por conta, e eu tenho amizade com ela até hoje. Tipo, hoje meus pais são falecidos, mas ela não saía da minha casa, ficava lá com minha família e ela conhece minha família toda, é como se fosse minha irmã. Então esta foi a única pessoa que permaneceu uma amizade mesmo, tipo irmã mesmo. Mas aqui tem muitas pessoas boas, muitas. E outras que não batem, que eu normal não ter muito contato. Não tenho o que reclamar não.
Pergunta:
Como era a universidade ali no início, porque foi em 1986 né... Como foi esse crescimento? Como eram os processos antes e como foram ficando durante o tempo?
Resposta:
Mas em que sentido?
Pergunta:
De estruturas físicas, do processo mesmo...
Resposta:
Do administrativo?
Pergunta:
Do seu dia a dia de trabalho...
Resposta:
Quando eu entrei era tudo muito pequeno, depois foram surgindo às atividades, por exemplo, monitoria já existia na época, mas depois aquilo foi crescendo então como eu cuidava da monitoria no geral, porque era pequena, a gente precisou ir atrás de programas para controlar a monitoria. Aí depois da monitoria surgiram as ACCS e quem cuidava das ACCS? Eu. [20'] E vamos atrás de programas para registrar essas ACCS... ‘Mas e aí, como o aluno fica sabendo?' Vamos lá, ‘Como a gente faz para as horas de ACCS entrarem á no extrato de notas e faltas dos alunos?' Aí hoje, não sei se... Porque aí depois a ACCS e monitoria cresceram demais e se tornaram um setor, então eu não sei quais sistemas eles usam hoje, mas na época eram programas que a gente ia pedindo para registrarem isso, conforme a necessidade, a gente tinha que ir pedindo. Nisso... A USCS foi crescendo, virou centro universitário, virou uma universidade e aí foi crescendo e o serviço se dividindo pelos setores.
Pergunta:
E aí como vem esse processo de informatização? Vai criando sistemas: Ou antes, quando não tinha essa informatização e ia anotando as coisas na mão... Como foi mudando isso?
Resposta:
Então, porque a gente foi sentido falta... Acho que na época a gente passava no papel para a secretaria, assim manuscrito e por isso pedimos para montar o sistema, porque aí no final, quando os alunos estavam se formando, você imprimia já o extrato, depois de tudo digitado, já imprimia o extrato dele, de tudo o que ele fez qual a carga horária que ele fez, para poder... Aí no final do curso eu mandava para a secretaria técnica para fazer parte do prontuário dele e dar baixa na AACCs. E com a monitoria, era questão de bolsa, então você tinha que digitar a carga horária em que ele trabalhou e depois passar uma relação de monitores para partir para o setor financeiro para dar baixa na porcentagem de bolsa do monitor.
Pergunta:
E como é a sua rotina de trabalho hoje?
Resposta:
Hoje o que a gente faz... Eu estou na clínica e lá temos tipo um plantão de atendimento para alguns alunos. O aluno chega lá, preenche uma ficha de cadastro e agente agenda, então ele tem direito a dois, três atendimentos e aí vamos passando para os próximos. Por enquanto né, porque quando abrir ao público aí vai ficar mais lotado. E toda a parte administrativa né, estágio a gente cuida, existe hoje lá uma coordenadora de estágio, que cuida dos estagiários, divide em... Porque a gente que arruma os estágios para esses alunos, então nós temos que preparar os contratos de estágios, e aí eles têm orientação, supervisão, e toda a parte administrativa da USCS, da gestão do curso mesmo.
Pergunta:
E antes Neuza, quando você trabalhava na coordenação dos cursos, os cursos tinham o horário vespertino e o noturno. Qual era seu horário de trabalho?
Resposta:
Era até às 23h.
Pergunta:
E começava?
Resposta:
Das 13h às 23h acho que era, quando tinha o vespertino. Aí depois a diretoria tirou essa 1h, das 22h às 23h, e trocou para... Era 13h30 acho, até às 23h, e agora a gente entra faltando vinte minutos para às 13h, e saí às 22h , entrava né... É que eu estou fazendo um horário diferente por causa da clínica, então eu pego [tosse] uma parte do horário das turmas da manhã, que eu chego 10h40 e uma parte do pessoal do noturno, porque eu saio às 20h da noite.
Pergunta:
Você comentou que um de seus filhos estudou aqui?
Resposta:
Uhum [concordância].
Pergunta:
Como foi? Qual curso que ele fez? Rádio e TV né?
Resposta:
Rádio e TV. Fez e logo arrumou estágio na TV Mais, e hoje ele trabalha como cinegrafista, porque a área de rádio e TV é muito difícil, mas está tudo bem.
Pergunta:
Quantos filhos você tem?
Resposta:
Um só.
Pergunta:
Um só? Entendi. [...] E, Neuza, como você definiria a USCS? O que você acha que ela representa?
Resposta:
Para mim... Foi onde eu consegui tudo na minha vida depois da minha separação. Se não fosse o meu serviço aqui eu não teria o que tenho hoje, que é onde morar, meu filho estudou, eu estudei... Então para mim valeu muito a pena estar aqui, me proporcionou tudo o que eu tenho hoje.
Pergunta:
Tem alguma lembrança, ás vezes alguma coisa que aconteceu que te marcou mais? Uma história engraçada, ou uma história mais emocionante...
Resposta:
Não... Não me lembro não... Acho que só... Acho que a coisa mais recente que eu vejo aqui é um pai que trás o filho cadeirante para estudar todos os dias, ele chega aqui às 17h da tarde e fica esperando o filho até às 23h. Aqui é o mais recente que eu acho... O que um pai faz pelo filho né, isso aí me comove bastante.
Pergunta:
Neuza você é afiliada a AFIMES?
Resposta:
Não. Já fui.
Pergunta:
Mas tem alguma história, alguma coisa para falar da associação...
Resposta:
Não. Eu só saí da associação porque meu pai... Eu tive que cuidar dele devido a um câncer que ele teve, ele ficou quatro anos e meio nessa luta e eu não ia mais para lado nenhum, só com eles, aí eu falei ‘Mas para que eu vou ficar pagando uma associação se eu não usufruo de nada? Vamos parar. Depois eu volto. ' Apesar de que já faz três anos que meu pai faleceu e eu não voltei, mas...
Pergunta:
Mas o que a AFIMES costumava oferecer para os funcionários na época em que você era afiliada?
Resposta:
Ah eles davam festas em Buffet, como é hoje. Uma vez nós fomos a um sítio que tinha piscinas com toboágua, churrasco... Era só isso, jantares, almoços, confraternização, almoço de final de ano que eles proporcionavam para a gente, na época eles davam cestas de natal, presente no dia do funcionário público... Eu acho legal, não tenho nada contra desde que você usufrua, e eu estou em uma fase da minha vida em que não tenho saindo muito, acho que por isso que eu não voltei. Perder o pai e a mãe em cinco anos foi muito pesado, então eu não tenho saído muito, mas quem sabe futuramente eu volte.
Pergunta:
E o São Pedro, lembra-se dele? [30']
Resposta:
Nossa! Lembro. Aquele São Pedro ficou em pé... Olha, quando eu entrei, não existia nem o prédio da comunicação social, o prédio D e não existia o prédio A, sabe qual é o prédio A? Não existia. A gente trabalhava onde são os laboratórios da computação, lá embaixo, trabalhávamos lá. Aí a biblioteca era lá aonde é a sala dos professores hoje... E quando eu entrei começaram a construir o prédio D, depois o prédio A, aí eu me lembro do prédio A, lá onde estavam construindo, tinha a estátua de São Pedro lá, e depois colocaram lá para fora, acho que ficou um tempo... Não sei depois de construído o prédio... Eu não me lembro direito. De repente essa estátua sumiu. Essa estátua foi para no estacionamento toda bichada, cheia de cupim, ficou lá um tempão deitada, coitada [risos], depois eu não sei para onde foi. Mas eu me lembro muito bem dessa estátua, é bem da época que eu entrei mesmo.
Pergunta:
Ela marcava um pouco a entrada da USCS...
Resposta:
É.
Pergunta:
Do IMES...
Resposta:
É. Do IMES.
Pergunta:
E ainda tem em São Caetano, né?
Resposta:
É porque a maioria das fotos da USCS aparecia com a estátua, muitas, muitas... Ah, mas eu participei de bastantes coisas... No começo a gente ia trabalhar na colação de grau, saindo da colação a gente ia comer pizza... Muito legal.
Pergunta:
Você estava na colação quando a Fat Family foi?
Resposta:
Estava. [risos]
Pergunta:
Como é que foi essa... [risos]
Resposta:
Ah, foi muito legal, foi uma surpresa porque a gente não sabia, mas a gente entrou lá, cumprimentamos todos eles, tiramos fotos... Foi muito legal. [risos]
Pergunta:
Manoela falou que tinha essa foto e nós pedimos a ela... [risos]
Resposta:
Eu acho que eu tenho também... Deve ser a mesma foto, em que estamos todas nós lá, que fomos trabalhar né... Mas de conhecido assim, em colação de grau foi só a Fat Family e aquele jornalista da Globo... O duro vai ser eu me lembrar do nome...
Pergunta:
De qual jornal ele era?
Resposta:
Da Globo... Acho que é da tarde... Ah, não lembro o nome dele.
Pergunta:
Que ele veio?
Resposta:
Ele veio, ele era patrono, né...
Pergunta:
Não é o William Waack né?
Resposta:
Não... Tinha um cabelo bem branquinho... Ah, não me lembro do nome dele. Então de conhecido, assim pessoas públicas mesmo, só eles. E a gente ia longe nessas colações, viu...
Pergunta:
Onde eram?
Resposta:
A gente já foi no Anhembi várias vezes... Depois em algumas casas aí que eu... Em São Paulo... É que eu não me lembro do nome, faz tantos anos isso...
Pergunta:
Funchal?
Resposta:
É, Funchal...
Pergunta:
A rua Funchal, né? A casa tem outro nome...
Resposta:
É. [...]
Pergunta:
Aquele do Circulo Militar vocês chegaram a ir também? Onde as formaturas aconteciam... Ali, perto do Tietê, não?
Resposta:
É, não me lembro... Círculo Militar...
Pergunta:
Aramaçan?
Resposta:
Aí depois veio para o Aramaçan, né...
Pergunta:
Recentemente teve em algum lugar fora de São Paulo, mas eu não consigo me lembrar de qual era também...
Resposta:
É. Mas eu participei de todas até eu sair da escola de negócios.
Pergunta:
O que tinha que fazer na hora da colação? Qual o serviço que vocês tinham que fazer?
Resposta:
Então, no começo a gente ajudava a separar as becas, enfiar aqueles alfinetes na faixa, já que eles não conseguiam então a gente ficava lá colocando os alfinetes...
Pergunta:
Nos professores ou nos alunos?
Resposta:
Nos professores. E passávamos a lista de presenças para os professores [35'] né, porque ele era obrigado a ir caso tivesse aulas naquele dia... E alguém da secretária técnica para pegar a assinatura dos alunos no local, dos formandos. De uns anos para cá não... Aí acho que uma empresa começou a cuidar dessa parte da colação de grau, então a gente não precisa mexer em mais nada, eles que providenciavam tudo, só a parte dos alunos que a secretária técnica ia para pegar as assinaturas e a gente ia lá ajudar também, caçar os alunos para assinar o livro. [risos]
Pergunta:
Em alguma... Em alguma turma você foi chamada pela turma, alguma coisa assim?
Resposta:
Eu já fui homenageada várias vezes no começo, quando eram poucos cursos. Umas quatro ou cinco vezes, por aí.
Pergunta:
E como foi isso na hora?
Resposta:
Ah, a gente se sente feliz, querida, sabendo que alguém gosta de você, que você fez a coisa certa, trabalha direito... Mas isso lá no começo que era menor, hoje... Isso já não existe mais. A partir do momento que começaram a pegar uma pessoa para homenagear, aí cortaram... [...]
Pergunta:
Hoje não tem mais homenagem ao funcionário, né?
Resposta:
Não.
Pergunta:
É não tem mais mesmo.
Resposta:
Não tem porque foi cortado mesmo.
Pergunta:
Tem mais alguma coisa que você quer deixar registrado?
Resposta:
[tosse] Olha... Acho que... É... Acho que não, acho que eu falei tudo. Para lembrar-se de trinta anos aqui não da, mas eu fiz muita amizade com aluno, até hoje tem sempre um ou outro que fica lá, todo dia ele vai para assistir aula, mas passa lá para falar ‘oi', então... Tive amizade fora com alunos, e o que é gosto também você ir a um shopping e encontrar um aluno, alguém te chama ‘NEUZA!', ou... Outro dia eu estava andando pela Kennedy e ‘NEUZINHA!'... Então isso é gostoso, né, você ser reconhecida assim pelos alunos, ser reconhecida também pela gestão, pela gestão da USCS... Isso é muito bom.
Pergunta:
Sobre as mudanças administrativas da USCS, tem alguma que você gostaria de lembrar em especial?
Resposta:
Eu acho que todas foram...
Pergunta:
Alguma ação que ela tenha feito também, do tipo ‘ah, isso mudou. '...
Resposta:
Eu acho que todas as gestões foram boas, porque aqui é tudo muito difícil, você mudar alguma coisa, por ser autarquia municipal você depende de muita coisa. Então acho que tudo o que fizeram foi o que foi possível fazer. Sei lá, para virar universidade também fizeram bastante e eu não tenho nada para reclamar não, para mim foi tudo bem. [...]
Pergunta:
Mais alguma coisa? Quer deixar alguma mensagem?
Resposta:
Gostaria de agradecer a USCS hoje por ter me dado à oportunidade de trabalhar aqui e ter feito, em trinta anos, toda a minha vida aqui dentro. Dediquei-me bastante, mas também agradeço a todas as gestões em que eu passei. [40'] Se não fosse a USCS eu não estaria aqui ainda.
Pergunta:
A história teria sido outra.
Resposta:
É a história teria sido outra, verdade. [risos] Para mim foi bom, está sendo bom, né, não foi, está ótimo.
Pergunta:
E a aposentadoria você já tirou?
Resposta:
Já. Eu me aposentei faz dois anos, mas eu não consigo sair. Isso aqui tem raízes que não desgrudam, não consigo sair da USCS. Eu acho que eu sem a USCS e em casa eu ia entrar em depressão, então por mim eu não saio, a não ser que queiram que eu saia. [risos]
Pergunta:
Acho que não. [risos]
Resposta:
Eu acho que não também. Mas por enquanto, enquanto der e eu tiver raciocínio, saúde... Eu vou continuar. Vou continuar. Hoje eu já estou com 62 anos, então a minha vida foi aqui dentro. [tosse] Eu entrei aqui acho que eu tinha 30 anos e um filho de cinco. [risos]
Pergunta:
Mais da metade, já.
Resposta:
É. A minha vida inteira. A minha vida inteira praticamente.
Pergunta:
É verdade.
Resposta:
Então só tenho a agradecer bastante a USCS por eu estar aqui.
Pergunta:
E agora vamos para a festa dos cinquenta né... [risos]
Resposta:
Vamos né, vamos festejar. [risos]
Pergunta:
É verdade, a gente não perguntou para ninguém sobre as festas, não se teve... Teve as festas de quarenta e cinco, quarenta...
Resposta:
Teve, teve.
Pergunta:
As festas dos professores, as festas dos funcionários que tinham...
Resposta:
É, teve sim. Tiveram várias festas. No começo a gente ganhava presente, né.
Pergunta:
No dia dos funcionários ou no aniversário da USCS?
Resposta:
No dia dos funcionários públicos...
Pergunta:
E no dia do aniversário da USCS em agosto, costumava ter alguma coisa assim?
Resposta:
Eu acho que teve uma festa grande que fizeram, mas é mais recente...
Pergunta:
Acho que foi a de quarenta anos que foi grande...
Resposta:
É. Mas lá no começo tinham bastantes festas. Eles davam presenta para a gente no dia das secretárias, presente bom... Mas hoje a gente não vê mais as festas que tinham antigamente.
Pergunta:
São outros tempos né.
Resposta:
São outros tempos, exatamente. Hoje, quem festeja no dia da secretária é o seu chefe né, seu gestor, fora isso ninguém se lembra mais, porque cada um tem a sua lá e ficou tão grande que cada um festeja com a sua própria né. [...] É isto.
Pergunta:
É isso então, muito obrigada!
Resposta:
Por nada. [risos]
Lista de siglas presentes no depoimento:
GM- General Motors
USCS- Universidade de São Caetano do Sul
IMES- Instituto Municipal de Ensino Superior de São Caetano do Sul
CRP- O Conselho Regional de Psicologia
AACC - Atividades Acadêmicas Curriculares Complementares
AFIMES - Associação dos Funcionários da USCS